De portas fechadas, sem a presença da imprensa e com meia dúzia de convidados, Lula deu posse aos novos ministros indicados pelo Centrão
Foto: Ricardo Stuckert/PR
Por Joffre Melo
Envergonhado por se ver obrigado a ceder espaço para o centrão em seu governo, o presidente Lula deu posse aos novos ministros a portas fechadas nesta quarta-feira, 13 de setembro. Os novos ministros Silvio Costa Filho (Republicanos), de Portos e Aeroportos, e André Fufuca (PP), de Esporte, foram empossados sem holofotes e pompas, pelo contrário. Apenas um fotógrafo, poucos familiares e alguns políticos puderam presenciar a tomada de posse, diante de um Lula visivelmente envergonhado do centrão.
Lula e o Toma lá da cá
O balcão de negócios na distribuição de ministérios não é privilégio do presidente Lula. Se serve de consolo, praticamente todos os gestores da nação, hora ou outra, tiveram que ceder espaços em busca da tão sonhada governabilidade. Porém, no caso do atual presidente, ele deu o toma lá, mas o da cá não está garantido. Fufuca, agora ministro, deixou claro que sua nomeação não significa apoio total do PP nas votações de interesse do governo.
Centrão manda recado
Lideranças do centrão já saíram a reclamar do presidente. Alguns deputados demonstraram descontentamento por conta da falta de confete e serpentina. O que o centrão queria, de fato, era um aceno do presidente prestigiando a aliança e enaltecendo a importância da “parceria”. Ao invés disso, tiveram de se contentar com uma posse de portas fechadas e sem qualquer cerimônia mais avultada.
Mais mi mi mi
Lula tem um abacaxi grande para descascar. Em reserva, mas claramente alardeando pelos corredores da Câmara, integrantes do Centrão dizem que o presidente tratou os partidos com desprestígio e arrogância. O sentimento entre a cúpula do grupo se resume a esta frase: “Absurdo, tratou como amante”. Um claro sinal de fumaça que pode findar em um incêndio difícil de ser apagado, mais adiante.
Ana Moser caiu atirando
Festejada pelo setor esportivo por ter expertise na área, a agora ex-ministra saiu com sua metralhadora ativa e deu tiros para todos os lados do governo. Moser foi rifada do ministério sem sequer uma troca de mensagens de agradecimento. Ela ainda deu expediente ontem e no fim da tarde pegou um voo para São Paulo, onde reside. Em nota, Ana se disse “triste e consternada”, dando a entender que a elaboração de políticas públicas para o desporto não terá a mesma atenção a partir de agora.
Como fica agora?
O certo disso tudo é que o presidente Lula vai ter que ter muita habilidade para ter o seu esperado “dar cá”, na negociata aberta para ter o apoio do Centrão no Congresso. Aprendi, ainda nos tempos de menino, com o meu saudoso avô, que um negócio só é bom quando é bom para todos os negociantes. Neste caso, a negociação deixou a desejar, visto que o Centrão reclamou e Lula escondeu o novo “parceiro”, visivelmente envergonhado.
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