Chacina ocorreu em 2015 no pequeno município do agreste pernambucano e provocou a morte de três conselheiros tutelares e uma idosa
Foto: Reprodução
Por Joffre Mello
Irão a júri popular na quinta-feira, 21 de dezembro, os réus responsáveis pela chamada “chacina de Poção”. O julgamento acontecerá no Fórum Tomas de Aquino, no Recife. O crime ocorreu em fevereiro de 2015, quando três conselheiros tutelares e uma idosa foram assassinados a tiros em uma estrada do município de Poção, no agreste pernambucano. Vários moradores da cidade, além de familiares das vítimas, pedem por justiça e prometem comparecer ao fórum para acompanhar o julgamento.
Mandante
A oficial de justiça Bernadete Siqueira Britto de Rocha, de 52 anos, foi apontada como mandante da chacina que vitimou três conselheiros tutelares e uma idosa, em Poção. O crime ocorreu na noite do dia 6 de fevereiro de 2015. O resultado do inquérito foi apresentado pela Secretaria de Defesa Social cerca de 60 dias após as mortes.
Cronologia do crime
Ainda de acordo com a polícia, a acusada planejava o crime desde novembro de 2014, quando alienou a residência da família com o objetivo de obter recursos financeiros para custear a execução do crime. Bernadete Rocha teria pago R$ 45 mil pelos assassinatos e tinha ainda a intenção de matar todos os parentes maternos que pudessem ficar com a guarda da neta, de acordo com a investigação, que foi concluída em pouco mais de dois meses.
Motivação do crime
Para o delegado de Polícia Civil responsável pelas investigações, Erick Lessa, havia duas motivações para o crime. "Foram dois motivos. A guarda da criança, que foi uma disputa muito firme entre as duas famílias, mas também desavenças e ameaças mútuas", comentou o delegado.
Mais mortes
Na ocasião da chacina, três conselheiros tutelares e uma mulher de 62 anos - avó materna da neta de Bernadete Rocha - foram mortos. A única sobrevivente da chacina foi a neta de Bernadete, uma criança de três anos. A avó paterna é suspeita ainda de ter matado a mãe da criança por envenenamento, em dezembro de 2012. Os conselheiros eram Carmem Lúcia da Silva, de 38 anos, José Daniel Farias Monteiro, de 31, e Lindenberg Nóbrega de Vasconcelos, de 54. Já a senhora que morreu na chacina era Ana Rita Venâncio, de 63, esposa de João Batista, avó materna da criança.
Não agiu sozinha
Bernadete contou com o apoio direto do advogado e amigo íntimo, José Vicente Pereira Cardoso da Silva, de 59, que junto ao detento da Penitenciária de Arcoverde, Leandro José da Silva, de 25, conhecido como Léo da Coca, fez a interação com os executores, Égon Augusto Nunes de Oliveira, de 27, e Wellington Silvestre dos Santos, 27 anos, conhecido como Chaves. Leandro ainda manteve contato com Orivaldo Godê de Oliveira, conhecido como Zeto, e Ednaldo Afondo da Silva, que auxiliaram e facilitaram a fuga dos executores.
Indiciados
Os acusados respondem por quatro homicídios duplamente qualificados e podem pegar até 210 anos de prisão. Já o filho de Bernadete, José Claudio, não foi indiciado por não haver elementos que comprovem envolvimento na chacina. As investigações da chacina de Poção contaram com a participação do Ministério Público de Pernambuco – MPPE, a Polícia Militar de Pernambuco, a Polícia Civil do Maranhão e a do Pará, o Sistema Penitenciário de Pernambuco, a Polícia Científica de Pernambuco, além do Disque Denúncia do Agreste do Estado.
Cidade clama por justiça
Em uma sessão comovente na última terça-feira, 05 de dezembro, a Presidência da Câmara de Vereadores de Poção manifestou solidariedade às famílias dos conselheiros tutelares brutalmente assassinados na Chacina de Poção. Em um ato de comprometimento com a justiça, o presidente anunciou a mobilização da comunidade para o aguardado Júri Popular, marcado para o dia 11 de dezembro no 4º Tribunal do Júri da Capital Recife, às 09h da manhã.
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