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Quando a bíblia se torna o véu do moralismo

Políticos que pregam em seus discursos os ensinamentos bíblicos como base moral, mas falham em seguir esses princípios ao pé da letra

Imagem: Montagem/PRN

Por John Lima

Nas profundezas do discurso político contemporâneo, emerge um fenômeno cada vez mais visível e preocupante: o uso da moralidade bíblica como fachada para uma série de práticas questionáveis. Este artigo se debruça sobre a intrincada teia de falsidade e hipocrisia que envolve a retórica de certos políticos e membros da elite, desvendando como o falso moralismo se torna um álibi perfeito para disfarçar preconceitos raciais e manter estruturas de poder desiguais.

Exemplos que desmascaram a hipocrisia

A profundidade da hipocrisia de certos políticos, que usam a Bíblia como escudo moral, torna-se ainda mais evidente ao examinarmos seus comportamentos pessoais e políticos. Muitos que se apresentam como defensores da família e dos bons costumes, nos bastidores, traem e agridem suas esposas ou maridos, renegam seus filhos e casam-se mais de uma vez — práticas que contradizem diretamente os princípios que afirmam defender. Além disso, o envolvimento em casos de corrupção revela uma grave falta de integridade moral e ética, distanciando-se enormemente dos ensinamentos bíblicos de honestidade e justiça.

Essa contradição se estende às suas posturas políticas, onde frequentemente defendem um discurso de ódio, categorizando de maneira simplista e desumana que "bandido bom é bandido morto". Essa retórica, carregada de violência e desprovida de qualquer senso de misericórdia ou compreensão cristã, revela uma seletividade alarmante: aplica-se a todos, exceto quando afeta membros de suas próprias famílias ou círculos próximos.

Desvelando as máscaras 

A apropriação da Bíblia e dos seus ensinamentos por parte de políticos, sob o manto da virtude, oculta uma realidade distorcida de racismo e exclusão. A narrativa construída em torno dos valores familiares e morais frequentemente serve como um escudo para atitudes e políticas que, na prática, contrariam os ensinamentos bíblicos de amor, compaixão e igualdade.

O falso moralismo e a classe social

O falso moralismo não é apenas um instrumento de discriminação racial; ele também reforça as barreiras das classes sociais. A retórica que louva a meritocracia e o "trabalho duro" ignora as desigualdades sistêmicas e as barreiras intransponíveis que muitos enfrentam devido à sua cor, origem ou status socioeconômico. Este discurso serve para justificar a manutenção de privilégios e a exclusão de minorias das esferas de poder e influência.

Refutando o racismo estrutural

Ao mesmo tempo em que se escondem atrás de citações bíblicas, muitos desses líderes apoiam políticas que perpetuam o racismo estrutural. A defesa de leis e medidas que desproporcionalmente afetam comunidades marginalizadas revela uma desconexão flagrante entre o discurso moralista e a prática política. O "racismo de luva branca", que se manifesta através de políticas públicas, é tanto mais perigoso quanto mais invisível e aceito socialmente.

Quando a religião vira ferramenta política

A instrumentalização da religião por figuras políticas não é um fenômeno novo, mas sua prevalência na era moderna é particularmente alarmante. Ao invés de promover uma reflexão genuína sobre valores éticos e morais, a religião é frequentemente utilizada como uma ferramenta para angariar apoio político, desviar a atenção de escândalos (a famosa cortina de fumaça) ou justificar ações indefensáveis. Os ensinamentos bíblicos, ricos em mensagens de empatia e justiça social, são distorcidos para servir a agendas políticas.

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