A obra do artista Max Motta, que embeleza a fachada do Edifício Garagem Central, no bairro da Boa Vista, foi promovida pela Prefeitura do Recife por meio do Gabinete de Inovação Urbana e contou com apoio da Iquine
Foto: Dondinho
O Centro do Recife ganhou novas cores e significados com o megamural "Raiar do Pife", criado pelo artista Max Motta. Localizado na fachada do Edifício Garagem Central, na Rua da União, no bairro da Boa Vista, a obra celebra o pífano, um instrumento de sopro que simboliza a resistência e a riqueza da cultura popular nordestina. O imenso mural foi viabilizado pelo primeiro edital público de Pernambuco que incentiva a arte urbana em edifícios da cidade. A iniciativa, promovida pela Prefeitura do Recife através do Gabinete de Inovação Urbana, contou com um investimento de R$ 75 mil.
A obra homenageia o pífano, um instrumento de sopro profundamente enraizado na cultura popular nordestina, com influências indígenas e afro-brasileiras. Combinando graffiti e elementos da cultura local, o mural se destaca na paisagem urbana, simbolizando a valorização e preservação da cultura nordestina.
Foto: Dondinho
Realizada pela ACabra Produções, a obra evidencia o tema do edital "Recife Cidade da Música", comemorando a inclusão do Recife na Rede de Cidades Criativas da UNESCO, na categoria música. O projeto contou também com o apoio da Tintas Iquine, transformando a cidade em uma verdadeira galeria a céu aberto.
Com uma dimensão de 363m², o mural retrata uma mulher negra tocando pífano, vestida com trajes juninos e um chapéu de couro típico do sertão nordestino. A personagem, imersa em sua expressão musical, traz um toque de eternidade e encantamento através das cores inspiradas no amanhecer, como roxo, magenta, laranja e amarelo. Max Motta, conhecido por seu estilo realista e por retratar questões políticas e sociais, reforça a importância de trazer a representatividade e da identidade nordestina para o centro da capital pernambucana.
Foto: Uenni
"O meu trabalho busca refletir a identidade nacional, especialmente através da representação de corpos negros e pessoas comuns. A gente sabe que as técnicas de pintura clássicas foram desenvolvidas na Europa e os exemplos dos corpos pintados ali também seguiram essa tendência. Como o lema do meu trabalho é 'A Cara do Brasil', eu quis trazer para o ‘Raiar do Pife’ o verdadeiro corpo nordestino, a cara de Pernambuco”, afirma Max. “A arte de rua tem o poder de comunicar, contar histórias e resgatar memórias."
Max Motta é o primeiro artista do edital a realizar um megamural sem o auxílio de um projetor, utilizando um grid de letras e símbolos para guiar o início da pintura. Ele contou com os artistas assistentes Antsocial MFC, Baski, Inverso Art, Marquinhos ATG e Pene para dar vida a essa grandiosa obra que pode ser vista da Ponte Duarte Coelho e do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM).
O pífano, ou 'pife', é um instrumento musical emblemático nas festas e celebrações do Nordeste, presente em ritmos como frevo, forró e baião. Em 2022, as Bandas de Pífano foram reconhecidas como Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco pelo IPHAN, destacando sua importância cultural para o Estado, especialmente no Agreste e no Sertão. A obra de Max busca resgatar a memória dos mestres e mestras ancestrais, reforçando a importância de preservar e celebrar as tradições culturais que conectam o Recife ao restante de Pernambuco.
FICHA TÉCNICA
Megamural “Raiar do Pife”
Realização: Acabra Produções
Artista: Max Motta
Direção: Amanda Lira
Assistentes de pintura: Marquinhos ATG, Ant Social MFC, Inverso Art, Pene e Baski
Rapel: Remy Ferreira
Produção executiva: Maiara Lira e Natália Borges
Produção artística: Carolina Noêmia
Fotografia e audiovisual: Dondinho
Assessoria financeira: Fernanda Alves
Chef de cozinha: Rude
Empresa de balancim: Carvalho Engenharia
Apoio: Tintas Iquine
Incentivo: Este projeto foi realizado com recursos financeiros do Edital de Credenciamento nº 002/2022, referente à realização de Megamurais, pela Secretaria Executiva de Inovação Urbana da Prefeitura do Recife
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