Profissionais da FPS (Faculdade Pernambucana de Saúde) e CSim, em parceria com HMR e Centro Sony Santos, criaram um roteiro de acolhimento a essas mulheres
Foto: Divulgação
O Agosto Lilás, mês de conscientização sobre a violência contra as mulheres, traz à tona uma realidade assustadora no Brasil. A violência, seja ela física, psicológica, verbal e tantas outras, representa uma grave violação dos direitos humanos. No que se refere à violência sexual, ano passado, foram registrados 74.930 estupros, sendo que 61,4% das vítimas tinham no máximo 13 anos de idade, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023.
Além das sequelas e traumas deixados pelo ato, as vítimas ainda enfrentam desafios na abordagem inicial que recebem do sistema de saúde, que, frequentemente, é o primeiro ponto de contato. No entanto, apesar dos avanços em políticas públicas e na conscientização sobre o tema, muitas vezes o acolhimento oferecido nesses ambientes é inadequado, com profissionais que não estão preparados para identificar sinais de abuso, ou que não sabem como proceder ao receber uma denúncia de violência. “Isso agrava o trauma das vítimas e pode comprometer suas recuperações”, afirma Brena Melo, médica tocoginecologista e coordenadora do Centro de Simulação da Faculdade Pernambucana de Saúde.
Para Brena, a falta de treinamento específico pode levar à revitimização, onde a vítima é novamente exposta ao trauma através de questionamentos insensíveis, procedimentos invasivos sem explicação adequada, ou mesmo a minimização da gravidade do ocorrido. “Acaba resultando em um atendimento fragmentado, onde a vítima é encaminhada de um serviço a outro sem o devido suporte. Isso não só prolonga o sofrimento como também pode desestimular a busca por ajuda, deixando muitas mulheres sem o atendimento necessário”, afirma.
Guia para acolhimento
O cenário de violência sexual cenário exige que os profissionais estejam atentos e preparados para acolher essas pessoas. Para ajudar nesse processo, um roteiro de acolhimento às vítimas de violência sexual foi produzido no Centro de Simulação (CSim), pela psicóloga e mestre pela Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS), Vanessa Albuquerque, orientada por Brena Melo e Luciana Andreto. O material foi resultado de uma tese de mestrado feita em colaboração científica com Isabela Coutinho e Eduarda Pontual, do Centro Sony Santos do Hospital da Mulher do Recife (HMR).
O trabalho servirá de guia para profissionais em treinamentos por meio de simulações práticas do atendimento às pessoas vítimas de violência sexual. Nele, é possível verificar como acolher de maneira segura as vítimas de violência em seu primeiro contato com qualquer serviço de saúde, e orientações para o encaminhamento para serviços específicos.
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