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Encontro dos Maracatus de Baque Solto de Nazaré da Mata celebra cultura, história e ancestralidade

Em 2025, evento exalta à memória e o legado cultural do Mestre Barachinha, do Maracatu Estrela Brilhante, e da  Mestra Gil, primeira mulher a ocupar o posto de poeta de improviso

Foto: Hugo Muniz

A Prefeitura de Nazaré da Mata, divulgou, nesta segunda-feira (24), todos os detalhes da programação oficial do Encontro dos Maracatus de Baque Solto, tradição às segundas e terças-feiras de Carnaval. 

Em 2025, a festa que tem como tema “O Som do Maracatu é o Coração de Nazaré”, será realizada nos dias 3 e 4 de março. Destaque desta edição é o retorno do evento, após muitos anos, para Praça João XXII, conhecida como Praça da Catedral. A programação é gratuita, e aberta ao público. 

O evento, que é tradição no calendário estadual de cultura, homenageia, este ano, o Mestre de Maracatu Barachinha, do Maracatu Estrela Brilhante de Buenos Aires; e a Mestra Gil, primeira poeta popular de versos de improviso, que ocupou, por décadas, o papel de mestra no Maracatu Feminino Coração Nazareno, da Associação das Mulheres de Nazaré da Mata (Amunam). 

No Encontro dos Maracatus 2025, vão participar, ao longo de dois dias, mais de 30 grupos, de diferentes cidades da região. Além de Nazaré da Mata, integram a programação maracatus rurais dos municípios de Vitória de Santo Antão, Tracunhaém, Timbaúba, Carpina, Aliança, Condado, Lagoa de Itaenga, Buenos Aires, Chã de Alegria, Itambé, Ferreiros, Glória do Goitá, Araçoiaba, Lagoa do Carro e Itaquitinga.

A cultura popular do maracatu rural, segundo relatos históricos, surgiu na região canavieira em meados do século 19, nos engenhos de cana-de-açúcar da região, pelos povos africanos, trazidos à força para o Brasil, e que trabalhavam como escravos. 

Com a abolição da escravatura, em 1888, ou seja, há 137 anos, muitos desses escravos foram para a cidade grande. Os que ficaram no interior e nas localidades rurais ganharam pequenos pedaços de terra para construírem a sua casa, porém continuaram trabalhando na lavoura de cana-de-açúcar. Os negros, após libertos, passaram a ser, juntamente com índios, caboclos e brancos pobres, protagonistas criadores da história e da cultura brasileiras.

Apesar de todo o sofrimento causado pelas péssimas condições de trabalho e moradia que estão ligadas à escravidão, a população negra contribuiu muito para o desenvolvimento do Brasil e ajudou na formação da nossa cultura, através das suas danças, músicas e costumes, como fazem os bricantes dos grupos de maracatus de baque solto, que resistem até os dias atuais, atravessando várias gerações.

Em Nazaré da Mata, atualmente, há 19 grupos.  A brincadeira popular, que surgiu no terreiros dos canais, tem em sua representação figuras e personagens que remetem à cultura africana, indigena e europeia, a exemplo da corte. Caterina ou catita, mateus e  a burra, e o mateus são os abre-alas da brincadeira.

Em seguida, entram em cena dois cordões de caboclos de lança, que são comandados pelo Mestre de Caboclaria, juntamente com  dois cordões de baiana, o baianal, os caboclos a reamar, também chamados de caboclo de pena. Integram o grupo o estandarte, o porta-estandarte e os componentes da corte. A dama do buquê, rainha e rei, escravo com o palio, menino da boneca ou dama do passo, a boneca de pano preta.

Para além da beleza dos personagens, outra marca registrada é o mestre, contramestre e a orquestra. Essa orquestra é composta pelo terno, que era formado por três instrumentos, a caixa, o ganzá e o bombinho, cuica ou porca, além do gongué.

A orquestra, ou terno, também é composta por instrumentos de sopro, são eles, sax, trompete, trombone, pistão e clarinete. 

Serviço:

O quê: Encontro dos Maracatus de Baque Solto de Nazaré da Mata celebra cultura, história e ancestralidade
Quando: dias 03 e 04 de março
Onde: Praça João XXIII, conhecida como Praça da Catedral, em Nazaré da Mata.

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