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Mulheres negras do interior de Pernambuco ganham curso para fortalecer liderança em seus territórios culturais

Formação, que tem início nesta sexta-feira (4/4), será ofertada, gratuitamente, para marisqueiras, mestras de maracatu, bordadeiras e mulheres de terreiro, moradoras da cidade de Lagoa do Carro 

Foto: Divulgação

Entre os versos do maracatu de baque solto, os pontos de bordado e as rodas de ciranda, resistem, com coragem e afeto, mulheres que desafiam diariamente o peso de uma cultura machista e patriarcal profundamente enraizada na Zona da Mata de Pernambuco. São negras, cis e trans, marisqueiras, quituteiras, bordadeiras, mestras, mulheres de terreiro e da cultura popular que, a partir desta sexta-feira (4/4), ocupam mais um espaço de protagonismo: a sala de aula. Começa em Lagoa do Carro o curso “Cidadania e Autonomia Feminina – um salto para o futuro”, uma formação inédita para 30 mulheres da região nos eixos de cidadania, empreendedorismo e liderança política.

As aulas acontecem no Centro de Mulheres Urbanas e Rurais (CEMUR), localizado no centro de Lagoa do Carro, com encontros sempre às sextas-feiras, das 8h às 11h, ao longo de cinco semanas consecutivas. A proposta é enfrentar as estruturas de silenciamento e exclusão que por séculos impediram mulheres negras — especialmente as que vivem da cultura e da tradição — de acessar direitos, planejar seus próprios futuros e ocupar cargos de decisão nos espaços públicos e privados.

A idealizadora do curso é a psicopedagoga e ativista Mauricélia Lino, que soma mais de 30 anos de trajetória na luta por direitos das mulheres, com passagens por órgãos como a Secretaria da Mulher de Pernambuco e o Ministério das Mulheres. Para ela, o projeto parte da realidade de um território onde o patriarcado se impôs historicamente através da desigualdade econômica, da violência simbólica e física, e da desvalorização dos saberes femininos — sobretudo quando atravessados por raça, identidade de gênero e ancestralidade.

“Trata-se de um projeto que nasce do chão da cultura popular, das mãos que cozinham, bordam, cantam e educam. Essas mulheres já transformam o mundo todos os dias. Nosso papel é criar oportunidades para que elas também ocupem os espaços de decisão e rompam com esse ciclo de exclusão estrutural que ainda persiste nas comunidades”, afirma Mauricélia, que também atua como coordenadora geral da iniciativa.

Com 15 horas de carga horária, divididas nos módulos Projeto de Vida, Empreendedorismo e Economia Solidária e Empoderamento Político-Social, a formação visa impulsionar planos de ação pessoais e coletivos, ampliando a autonomia das participantes e fomentando um novo imaginário social onde mulheres negras são reconhecidas como lideranças e gestoras de seus próprios caminhos.

Além de combater diretamente a cultura patriarcal com formação política e econômica, o curso foi concebido a partir de uma pedagogia inclusiva e voltada às realidades locais, com tradução em Libras, linguagem acessível e respeito às especificidades culturais das participantes. O público-alvo reúne mulheres negras, cis e trans, periféricas, muitas delas em situação de vulnerabilidade, mas com forte atuação nos saberes tradicionais e na manutenção da identidade cultural da região.

O projeto é realizado com incentivo da Secretaria de Cultura, Governo de Pernambuco, Ministério da Cultura e Governo Federal, por meio da Política Nacional Aldir Blanc Pernambuco, aprovado na Categoria 6: Diversidade, Cultura e Periferia do Edital Geral para Fomentar Iniciativas Artístico-Culturais de Pernambuco.

Serviço:

O quê: Mulheres negras do interior de Pernambuco ganham curso para fortalecer liderança em seus territórios culturais
Quando: Sexta-feira, 4 de abril
Onde:  Centro de Mulheres Urbanas e Rurais (CEMUR), localizado no centro de Lagoa do Carro
Horário: 14h às 17h

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